segunda-feira, novembro 09, 2009

Thinking...

Hoje est�o comemorando a queda, 20 anos atr�s, do Muro de Berlin.Eu me lembro disso, lembro das imagens na TV, da euforia. Eu, com 8 anos, quase 9, n�o entendia bem a situa��o, mas era evidente que se tratava de algo importante. Algo "humanamente significativo", se � que isso define o que eu quero dizer.

E n�o � curioso pensar que, eu mesma, nasci durante a ditadura? Que nada disso � t�o distante assim? Foi um tipo de "exodo cultural brasileiro", aparentemente. � dificil dizer que n�o houveram pontos positivos, mas a que custo?

Na verdade eu n�o sei por que exatamente comecei o post com esses t�picos. A grande "literatura" do dia foi sobre Psicologia social. Come�ou com dois artigos sobre o "dark side" humano. Eu n�o vou descreve-los aqui, s�o complexos. Mas fica a fonte b�sia, all mighty Wikipedia. Milgram Experiment, que eu resumiria como uma pesquisa sobre a habilidade humana de transferir a culpa (o que por sinal me lembra o jogo da Order of the Chalice que tenho jogado). N�o era esse o objetivo da pesquisa. A pesquisa � sobre obedi�ncia. E, o mais "bizarro", Stanford Prison Experiment, que provavelmente revela a verdadeira natureza (ou falta dela) do estudante universit�rio.

Estudante universit�rio me lembra a ditadura, mas tamb�m me lembra o recente evento da UNIBAN. Como daqui alguns anos pode n�o sobrar muita refer�ncia ao caso, postarei o breve resumo, no dia 22 de outubro a estudante da UNIBAN, Geisy, teve que ser escoltada por policiais para sair da faculdade, os outros estudantes a estavam vaiando, xingando, humilhando, teoricamente por causa de uma saia curta (na verdade um vestido rosa) que ela usava. Tem videos no youtube para quem quiser ver a macacada que essas alunos aprontaram. Eu, mesmo j� estando formada, tenho vergonha desse tipo de universit�rio. Vergonha ainda mais do genero feminino no geral, uma ves que em um dos videos (por sinal o unico que eu assiti) ouve-se claramente uma garota dizer "olha, ela esta chorando", e a outra responder "foda-se". Por mais culpado que seja uma pessoa acho que ela tem que ser tratada com dignidade. E se, na pior das hipoteses, a tal garota fosse mesmo prostituta? Quem al�m dela tem algo a perder ou ganhar com isso?
Sei l�, s� d� mesmo para dizer que tenho vergonha.

E como as pessoas fazem isso umas as outras? Bem, curiosamente eu li v�rios experimentos, mais psicologia, sobre isso hoje. Infelizmente eu n�o vou achar todas as coisas que eu li, ou que o Gustavo leu e conversamos, hoje. Essas s�o algumas delas: Pit of Despair (parece coisa de RPG, mas n�o �) e SilverSpring Monkeys.
Infelizmente n�o consegui recuperar dois artigos da wikipedia que lemos. Um deles sobre os ratinhos que eram colocados pra nadar em potes de maionese, onde n�o podiam escalar. E uma hora eles paravam de nadar, a hip�sete principal da pesquisa era que eles "aceitavam seu destino de morte", uma hip�tese negativista que foi contestada, ap�s muita nata��o e afogamentos com "talves o rato tenha aprendido que ao parar de nadar alguem o retira da �gua", e se n�o retira ele morre, duh. E todo o estudo voltou para a prancheta, inconclusivo.

Eu gosto de ci�ncia e eu dou cr�dito ao met�do cientifico (o que totalmente n�o foi o caso do utilizado nos ratos a cima). A Experi�ncia de Milgram, apesar de ter submetido o objeto a stress, simplesmente me encanta na forma como ela foi concebida, e, em especial, na forma como ela surpreendeu, j� que os resultados previstos pelos colegas de Milgram foram longe dos reais.
Por outro lado a experi�ncia com os ratos foi banal e cruel. Da mesma forma que uma outra experi�ncia com c�es e choques, que tamb�m n�o consegui recuperar o link.

Outra experi�ncia foi a de uma cientista que separou tr�s grupos de orf�os decerca de cinco anos de idade, um grupo controle, menor. Um grupo que seria "incentivado" com coisas como "nossa, como voc� esta falando bem, melhorou muito, n�o � gago". E outro que seria "desincentivado", no maior estilo "voc� n�o sabe falar, n�o devia falar com ninguem, voc� � gago e horrivel". No caso, esperava-se que as crian�as do 3o grupo desenvolvessem gagueira. N�o aconteceu, vai ver n�o aconteceu por que a maioria delas ficou praticamente muda (embora n�o tivesse qualquer defici�ncia) e profundamente traumatizadas. >.o
E, pode parecer �bvio hoje em dia que seria esse o resultado da pesquisa mas... olha os universit�rios da UNIBAN ae >.o

Ningu�m quer ser a vitma da crueldade, mas crueldade fez parte da nossa hist�ria at� aqui. Fez parte de uma forma que, talves, seja dif�cil e demorado (mas n�o imposs�vel, espero) nos livrarmos dela completamente.

E no fim, eu andei por ai. Vi o avi�o, a internet, os sat�lites, turismo espacial, nanotecnologia, rob�s, laser. Todo mundo de celular na m�o resolvendo as coisas via SMS... a tecnologia ficou barata at�, mas continuamos t�o ignorantes.

Provavlemente o s�culo XXI cumpriu (ou cumprir� ainda) todas as "previs�es" maravilhosas de Asimov e de dezenas de autores de fic��o cient�fica. A tecnologia existe de forma impressionante e "linda", embora n�o estaja dispon�vel a todos, ainda (o que considerando o contexto me parece bom). O conhecimento, te�rico e pr�tico, que se gerou e acumulou nas �ltimas d�cadas, em todas as �reas, � deslumbrantemente impressionante. Mas n�o estamos vivendo o futuro que sonharam para n�s...
Apesar dos erros a ci�ncia caminhou mas a sociedade, a econ�mia (nem vou citar a politica), a cultura que constru�mos nesse tempo praticamente n�o mudou. Nossa evolu��o socio-cultural foi m�nima. O ser humano, como "ser humano", dotado da tal "humanidade" melhorou muito pouco. Ser� que alguem vai ter que espetar c�rebros humanos para mostrar se isso � bom ou ruim? Pra mostrar se algo precisa ser feito?

O futuro n�o me parece depender s� de aperfei�oamente t�cnico. E eu nem estou falando de aperfei�oamente "espiritual" e desse tipo de walla-walla. Mas de dignidade, respeito, retid�o, valor, do ser humano realmente humano, num sentido meio ideal, ut�pico, que talves n�o seja alcan�ado mas que precisa ser almejado.

Escrevi um bocado e falta tanto a dizer... foi um dia bem longo...

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